Com o tema "Fraternidade e Ecologia Integral" e o lema "Deus viu que tudo era bom" (Gn 1,31), a Campanha da Fraternidade 2025, promovida pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), marca nesta quarta-feira de cinzas o início da Quaresma, com um convite à reflexão sobre a responsabilidade humana na preservação do planeta.

Inspirada na encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, a campanha reforça a urgência do cuidado com a "casa comum" e resgata a memória de São Francisco de Assis, que há 800 anos compôs o Cântico das Criaturas.

Em entrevista ao Portal da Cidade Surubim, o padre Marcílio Souza, da Paróquia de São José em Surubim, destacou a importância da campanha no fortalecimento da vivência do Evangelho. “A Quaresma, por si só, é um tempo de conversão e reflexão. A Campanha da Fraternidade nos auxilia nesse processo, nos levando a enxergar a comunhão como um princípio essencial da fé cristã: comunhão enquanto comunidade, comunhão enquanto povo peregrino neste mundo e comunhão enquanto corresponsáveis pela criação de Deus”, enfatizou.

O sacerdote também alertou para a necessidade de uma mudança de mentalidade em relação ao meio ambiente. “Nosso planeta está morrendo, e nós, enquanto humanidade, somos responsáveis por essa degradação. Precisamos tomar consciência do impacto de nossas ações e nos comprometer com atitudes que promovam o bem-estar da criação”, comentou.

O material elaborado sobre a campanha pela CNBB traz recursos práticos para auxiliar as comunidades católicas na vivência da Quaresma. Entre os conteúdos disponíveis estão a Via-Sacra, uma devoção popular profundamente enraizada na tradição cristã, o resumo do texto-base da CF 2025 e quatro encontros formativos voltados para grupos, pastorais, movimentos e comunidades. "A proposta é que esses encontros favoreçam a reflexão sobre a relação entre fé e meio ambiente, estimulando ações concretas em prol da sustentabilidade e da justiça socioambiental", destacou Padre Marcílio.

Reforçar o conhecimento sobre Ecologia Integral

O padre Hugo Estevão, da Paróquia de São Sebastião, também em Surubim, ressaltou os desafios da campanha. “Nem todos os fiéis estão familiarizados com o conceito de ecologia integral, que une questões ambientais, sociais e espirituais. O desafio é educar e motivar a participação da comunidade, mostrando como o cuidado com a criação está ligado à fé cristã”, afirmou.

Ele também destacou a importância de manter as iniciativas ecológicas ativas após o fim da campanha. “Muitas campanhas perdem força com o tempo. O desafio é garantir a continuidade das ações ecológicas na comunidade.” Como estratégias, citou catequeses e formações sobre ecologia integral baseadas na Laudato Si', mutirões de limpeza, plantio de árvores, redução de descartáveis em eventos religiosos e parcerias com escolas e ONGs.

Padre Hugo (foto) informou que a Paróquia de São Sebastião estará realizando diversas atividades para engajar os fiéis, como celebrações eucarísticas com reflexões sobre o tema, formações comunitárias e catequese com ênfase na campanha. Também haverá incentivo às ações ecológicas concretas, como reciclagem, limpeza de praças e plantio de árvores.

A Campanha da Fraternidade fortalece a vivência do Evangelho ao promover a conscientização sobre temas sociais e espirituais, convidando os fiéis a refletirem sobre questões que impactam a sociedade. Este ano a Igreja celebra ainda o Jubileu de 2025 anos, com o tema “Peregrinos de Esperança”. O Texto Base afirma que esse é mais um estímulo para viver a Ecologia Integral e “converter mentes e corações, transformar a realidade e produzir gestos fraternos e solidários em defesa do nosso planeta”.